11/04/2013

ISTO É SÓ UM "ATÉ JÁ"


Costumava dizer, em jeito de piada, que devia ser o único português que nunca tinha ido ao Brasil. Não porque tivesse algum orgulho nisso, nem porque tivesse algum tipo de resistência em visitar o "país irmão"... mas simplesmente porque ainda não tinha "calhado". A Ásia sempre chamou mais alto, e eu fui adiando. Nada de novo, até aqui.

É engraçado que, depois de 15 dias no Brasil (apesar de parecer mais, pelo tempo que deixei "arrastar" as crónicas e as fotos), um dos sentimentos mais fortes que levo comigo é que "já devia ter vindo cá antes". Sinto que vim tarde. Primeiro, porque há tanto para explorar e o tempo nunca é suficiente; mas também porque talvez haja alguma inocência que se tenha perdido nestes últimos anos - minha e do lugar - e que teria sido muito mais interessante de explorar há uns anos.

Mas águas passadas não movem moinhos, e eu não sou de fatalismos nem telenovelices. Se há certeza que levo desta minha primeira vez, é que outras virão.

Eu nem sou muito dado a sambas e capoeiras; eu não sou fã de telenovelas nem carnavais... mas há qualquer coisa neste colorido tropical, no sorriso quente com sabor a açaí, nos braços abertos que pedem um regresso. Isto não é um "adeus", Brasil. Isto é só um "até já".

Confesso que, apesar do Brasil ser tão familiar aos portugueses, de conhecer tanta gente que aqui vive ou viveu, ou apenas viajou; de estar familiarizado com a cultura - não deixou de ser uma surpresa, esta descoberta.

Não criei grandes expectativas, antes de vir; talvez porque estive demasiado ocupado com outras coisas, antes de vir.

E isso foi bom. Só pode.

Aliás: acabei por comprar um bilhete de avião, meio-à-pressa, à última hora, porque só poucos dias antes de vir para São Paulo é que soube que não se podia entrar no país com um bilhete de chegada, apenas. Como o plano inicial já previa um voo de Buenos Aires para a Patagónia, decidimos voar directamente de São Paulo lá para baixo, e "fazemos a capital argentina à subida".

Dito e feito. Se bem ou mal, já não interessa. Entretanto soube que podia ter comprado um bilhete de autocarro para algum dos países à volta, que também era válido. Outros disseram-me que podia ter entrado com um bilhete de avião para algum lado e cancelá-lo logo de seguida. Não quero saber. As reviravoltas fazem parte das voltas. E esta é a minha volta: a próxima paragem é El Calafate, na Patagónia.

Depois de mais alguns passeios por São Paulo e os cafézinhos e jantaradas da praxe com os amigos, telefonei ao senhor Carlos - o simpático taxista que me tinha ido buscar ao aeroporto, duas semanas antes - e avisei-o que estávamos de partida para a Argentina.


Isto não é um "adeus".

Patagónia: aqui vamos nós!

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Depois de uns dias tão calorosos e coloridos passados no Brasil, avancemos então para a Patagónia...!
Continuação de boas voltas e obrigada pela partilha de tantas crónicas e fotografias!!!