16/01/2014

CHEGUEI

(nota: estou a escrever a partir de um computador sem acentos)

Tinha preparado um rascunhos com as peripecias e as voltas deste primeiro dia na India... e agora que me vejo sentado em frente de um computador que nao o meu - pelo que nao posso utilizar nenhum desses textos - nao sei por onde comecar.

A verdade eh que nenhum dos rascunhos abordava a essencia deste meu regresso ao subcontinente, ou os primeiros momentos a seguir a aterrar, ontem ah noite. So escrevi sobre o dia de hoje. E no entanto, agora que finalmente consegui aceder ao blog: resolvi que era sobre essa essencia, sobre os primeiros minutos na India, que devia escrever. Tenho um mes pela frente, aqui. Comecemos pelo principio, se faz favor.

India, dois mil e catorze.

Estou de volta. Quero descrever o que sinto mas custa-me explicar a sensacao, o que sinto vai muito mais alem que as palavras, alem de sentimentos como a felicidade, ou o deslumbre, ou a realizacao. Tem uma profundidade diferente de experiencias e historias, de possibilidades, de impossibilidades. A India eh um permanente desafio, eu sei que as vezes nao vai ser facil, mas vai ser bom.

Ontem ah noite, quando aterrei, tive uma sensacao estranha, a mesma que sentira numa das ultimas vezes que visitei a India. Estavamos em 2011 (ou tera sido na viagem de 2012?, agora nao me lembro e nao me apetece averiguar) e o aeroporto era outro - tinha aterrado em Deli, dessa vez. Um aeroporto tao novo quanto este. Do aviao para a Imigracao e dai ate as bagagens, e depois para a saida do aeroporto: era a India porque havia muitos indianos, mas pouco mais denunciava a geografia.

E agora foi igual: tudo novo, brilhante e inocuo, podia estar em qualquer lado. Ate sair para a rua. E mesmo assim: confesso que ia tao lancado que, mesmo la fora, nao senti grande diferenca, nao senti que estava na India. Como se fosse uma coisa que se sente, tipo "estou a sentur que estou na India". E por outro lado. Enfim: talvez as emocoes fortes da ultima semana em Bangkok precisassem de algum tempo e paciencia para se diluirem nos dias e nas voltas que ai vem. Para deixarem de pairar a minha volta. Talvez fosse isso.

Nao: nada disso. Na India? Impossivel. A India eh arrebatadora, eh uma vaga que leva tudo ah frente, eh um fogo-de-artificio a explodir, eh uma namorada ciumenta e possessiva. Nao ha tempo para adaptacoes. Nao ha espaco para outras a "pairar".

Entrei no Ambassador amarelo, o taxista ligou o carro e atirou-se ah estrada vazia. E ligou a telefonia.

Cheguei.

1 comentário:

Clara Amorim disse...

A Índia é sempre a Índia...!
Incontornável! :)