09/07/2014

WHERE ARE YOU FROM #06

Nas últimas semanas, cada vez que respondo à pergunta que faz título a este post, sou confrontado com reacções do tipo "epá, isso desta vez correu mal", "vocês é o Ronaldo e mais dez" ou "então o que se passou?".

Enfim: é o que dá sermos associados ao futebol.

Curiosamente, para uma selecção que nunca ganhou qualquer título, é impressionante a expectativa que o mundo coloca nos pezinhos dos lusitanos.

Mas não serve este post para aprofundar essa questão. O facto é que, desde a pesada derrota de arranque até à eliminação precoce no Mundial, a prestação da equipa das quinas agora reflecte-se na forma como as pessoas abordam a minha nacionalidade.

E dou por mim a justificar-me, quase como que a pedir desculpas, a partilhar a minha frustração desportiva quando o meu país é muito mais do que apenas onze coxos atrás de uma bola.

Porque o meu país são quase mil anos de histórias, são mais de mil maneiras de fazer bacalhau. É o fado e os azulejos, caracóis ao fim da tarde e areia entre os dedos dos pés. É o fatalismo e a sinceridade, a timidez e o orgulho, sorrisos com uma lágrima no canto do olho. É estar sentado a tarde toda à mesa. É vinho verde, é vinho do Porto, é aguardente. É chouriço na brasa, um pratinho de tremoços, o melhor peixe do mundo. É os santos populares, o surf e, goste-se ou não, as touradas.

E é muito mais.

Ou seja:

Não quero nem imaginar o que é ser brasileiro, neste momento.

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