17/01/2015

QUENTE & FRIO

Li recentemente que o Catorze foi o ano mais quente de sempre, a nível global. Pelo menos desde 1891, ano em que se começaram a registar as temperaturas.

Nem é de admirar, todo este calor, se tivermos em conta a quantidade de lugares on fire, este ano: a Ucrânia e as movimentações russas, ou pró-russas, como lhes preferirem chamar. O povo nas ruas de Ferguson, nas ruas de Hong Kong, nas ruas de Bangkok. Estudantes a desaparecer no México, na Nigéria, em Gaza - e no Meco. Atentados no Paquistão, no Iémen, Afeganistão, Caxemira - e no Canadá.

Foi um ano quente, sem dúvida. A ferver.

Em Israel, por exemplo: aqueceu tanto que foi-o-que-se-viu. Mas naquelas bandas, para ser-o-que-se-vê, nem é preciso aquecer muito, tenho que dizer. Ali, qualquer coisa serve de desculpa. Que nojo.

Mas onde esteve (onde está) mesmo quente, abrasador, fervilhante: é na Síria e no Iraque. Aqui na Mesopotâmia, onde Tudo começou, onde Tudo mais parece estar a acabar. Os filhos-da-puta do Estado Islâmico, desculpem-me o latim mas fico sempre um tanto-ou-quanto descontrolado, só de pensar nestas bestas. Como é que aparecem assim quase-do-nada, há um ano ninguém sabia quem eram, agora são os vilões principais da fita. Junte-se o Boko Haram e a Al Qaeda, mais os sonsos do costume... isto não está a ferver, isto está é já tudo queimado. Este mundo: o nosso.

Mas nem só de calor se fez este ano Catorze.

Levámos com alguns baldes de água fria - diria mesmo gelada. E não estou a falar dos desafios dos baldes, um dos fenómenos do ano, a par da campanha para trazerem de volta as nossas meninas, ou aquela de que somos todos macacos. Falo por exemplo dos voos da Malaysia Airlines, um desaparecido sem deixar rasto, o outro abatido em céus europeus. Que vem a ser isto? Foi de gelar o sangue, quando aconteceu. Mais o outro da AirAsia, já no cair do pano deste ano.

Arrepiámo-nos ao saber dos mineiros turcos encurralados nas profundezas, e do ferry coreano com centenas de estudantes lá dentro, mais o filho do realizador americano que saiu à rua para matar não-sei-quantos. E com as cheias em Marrocos, na Malásia, na Índia e no Nepal; mais um tremor de terra na China a matar uma-data-deles; o maluco que fez não-sei-quantos reféns num café de Sydney. E o vulcão na Ilha do Fogo.

O sangue gelou quando ouvimos falar das oito crianças esfaqueadas pela própria mãe. E das pessoas que morreram espezinhadas em Xangai, na passagem-de-ano. E quando mais um ferry afundou no Bangladesh. E sempre que se ouve falar de violações - seja na Índia, ou em qualquer lado do mundo.

E porque este post trata do dark side de dois-mil-e-Catorze, não podia deixar de mencionar o Ébola - sinto arrepios só de pensar nas estatísticas, na paisagem, nas consequências. Que triste.

E os barcos cheios de emigrantes ilegais, a afundar aqui-e-ali. Que mundo frio, este - o nosso. Nem quero imaginar as variações térmicas que nos reserva o ano Quinze.

A começar como começou...

:(

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